Seminário realizado em 19 de Outubro de 2001
Local: Auditório da Faculdade de Psicologia e de Ciências de Educação da Universidade de Lisboa
Organização: Associação Educativa para o Desenvolvimento da Criatividade
Público Alvo: Educadores, Professores, Estudantes e todas as pessoas interessadas no tema
INTRODUÇÃO
Reflexo da sociedade, a escola surge como um dos palcos possíveis da violência. Cado caso de violência transporta consigo uma história de vida, uma família, ou a falta dela, um percurso escolar feito de (in)sucessos, uma integração social melhor ou pior conseguida, em suma, uma trajectória de vida particular.
A violência é, antes de mais, um problema relacional, e acreditamos que é essencialmente na relação com os outros que se deve procurar a resposta. Não se pode assim compreender a violência a partir de um retrato instantâneo, mas através da sua construção nos diversos contextos educacionais, sejam eles a família, a escola, os meios de comunicação social, etc.
OBJECTIVOS
- Contribuir para uma melhor compreensão do problema da violência numa perspectiva interaccionista, abrangendo diversos contextos educacionais;
- Divulgar resultados de investigação sobre violência em contextos educacionais;
- Apelar ao enorme espaço criativo ao dispor de cada um de nós para a construção de novos equilíbrios relacionais.
PROGRAMA
09.30 Recepção dos participantes e entrega de documentação
10.00 Sessão de abertura – Maria João Conde, Alexandre Marques Pinto e João Conde
10.15 Anna Craft – Fundadora da Creativity in Education Comunity (Londres). Professora na Open University of London. Investigadora e consultora do governo inglês na área da Criatividade na Educação. Autora de diversos livros entre os quais o recém editado “Creativity in Education”
11.15 Intervalo
11.30 Isabel Freire – Professora da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Lisboa. Investigadora na área da indisciplina, violência e rendimento escolar.
12.15 Momento Musical – Colaboração dos alunos da Escola de Música do Conservatório Nacional.
12.45 Almoço
14.30 Maria Benedita Monteiro – Professora da Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa. Investigadora na área da violência nos meios de comunicação social.
15.15 José Falcão Amaro – Educador Social. Coordenador da Linha Nacional de Emergência Social. Docente na Universidade do Algarve. Assessor Técnico da Direcção da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima .
16.00 Intervalo
16.15 José Vitor Malheiros / Debate – Jornalista, Director do Público PT (on line)
18.00 Encerramento
BREVE RESUMO DAS COMUNICAÇÕES
ANNA CRAFT – Creativity as Universal
Through the stories of two children, and by posing some questions about their lives and education, I will be exploring two big ideas. One, is the idea of ‘little c creativity’, which I propose as an essential element of our education process. I will do this against the background of the other big idea, that is the universalization of the conception of creativity.
I will explore how we teach for little c creativity, and pose some challenging questions for us all to consider as we attempt to stimulate children’s creativity in the context of today’s uncertain world.
Partindo das histórias de duas crianças, e colocando algumas questões sobre as suas vidas e educação, Anna Craft irá explorar duas grandes ideias. A primeira é a ideia de “criatividade com c minúsculo”, que propõe como um elemento essencial no processo educativo. A outra grande ideia é a de universalização do conceito de criatividade.
Explorará também como ensinar para a “criatividade com c minúsculo”, e levantará algumas questões que nos farão pensar sobre como cada um de nós pode contribuir para estimular a criatividade das crianças no contexto de incerteza do mundo actual.
ISABEL PIMENTA FREIRE – A criatividade dos professores na construção da disciplina escolar
O conceito de disciplina escolar tem sido bastante associado à ideia de cumprimento e mesmo de obediência às regras por parte daqueles que fazem parte de um determinado grupo social ou organização. Desvaloriza-se muitas vezes o processo de construção dessa mesma disciplina e de participação de cada indivíduo na mesma e valoriza-se, por vezes excessivamente, a criação de rotinas e a manutenção de comportamentos padronizados.
No mundo actual, no qual a escola reflecte a complexidade e a diversidade social e cultural que o compõem, a construção da disciplina escolar exige uma certa ruptura com os padrões de intervenção baseados no apelo ao cumprimento da regra, instalados como rotina. Estes terão de ser substituídos por uma busca concertada de novas formas de agir por parte dos educadores, que requerem competência de diagnóstico das situações e dos problemas, das suas causas e consequências e capacidade para se situarem no fino equilíbrio entre a proximidade e a autoridade, entre a flexibilidade e a firmeza, de acordo com as exigências que cada situação e cada contexto colocam.
Apesar da disciplina escolar, enquanto processo para a construção da autodisciplina e de preparação para a cidadania, constituir uma questão que não pode ser escamoteada, a sua transposição para a prática quotidiana das escolas, bem como a sua articulação com a teoria, constituem uma área obscura nos sistemas educativos em geral (Lewis, R., 1999). Pensamos poder contribuir para uma reflexão mais fundamentada sobre a importância das práticas disciplinares e do pensamento dos professores no quotidiano de uma escola.
UM CONTRAPONTO À VIOLÊNCIA
Manuel Teixeira Ferreira – Violino
Bruno Ramos – Violino
Helena Roma – Violino
Pedro Braga Falcão – Viola
Hugo Fernandes – Violoncelo
Rita Ramos – Violoncelo
Vivaldi – Sonata “Al Santo Sepolcro” (Largo Molto – Allegro ma poco)
Bach – Air da Suite 1068 BWV Ré Maior
Haydn – Divertimento I – NR53 (Moderatto – Minuetto – Allegro)
MARIA BENEDICTA MONTEIRO – Meios de Comunicação Social e Construção Social da Violência
O papel dos MCS na normalização dos valores e dos comportamentos, na construção da realidade social e na sua amplificação, encontra na investigação sobre a violência um dos seus campos mais férteis e mais polémicos. Às perguntas dos educadores sobre os reais impactos da exposição à violência exibida na TV, quer em noticiários, quer em documentários sobre a vida real, quer em filmes, realistas ou ficcionais, apesar da evidência acumulada sobre as diversas formas de impacto negativo dessa exposição, continuam a surgir dúvidas sobre as políticas a adoptar em contexto educativo, nomeadamente na família. Aborda-se ainda a questão dos jogos de vídeo, do carácter violento da sua esmagadora maioria, e dos resultados da investigação incipiente nesse domínio.
JOSÉ FALCÃO AMARO – Violência na Família: uma diferente perspectiva
Esta comunicação pretende abordar a problemática da violência doméstica numa perspectiva diferente: demonstrar que esta é um fenómeno transversal a todos os segmentos da sociedade e caracterizada por mitos culturais que a representam de uma forma menos correcta. Esta comunicação vai tentar desafiar e agitar as consciências dos técnicos que participam na conferência de forma a encararem este fenómeno e a agirem perante estas situações, tornando-se ainda mais úteis nas comunidades onde se encontram inseridos.
JOSÉ VÍTOR MALHEIROS – A Imprensa gosta de violência?
A abordagem da violência pelos media. Riscos e cuidados na gestão da cobertura de eventos violentos. A violência doméstica e a violência social nos media. Os diversos públicos da imprensa perante a violência. Uma abordagem pedagógica da violência?
Apoio: Faculdade de Psicologia e de Ciências de Educação da Universidade de Lisboa, Porto Editora, Staedtler, Arte Periférica, Caixa Geral de Depósitos, Hotel Tivoli Lisboa, Fundação para a Ciência e Tecnologia do Ministério da Ciência e Tecnologia, Instituto de Inovação Educacional do Ministério da Educação e Instituto de Cooperação Científica e Tecnológica Internacional, Livraria Buchholz